sexta-feira, 22 de maio de 2009

O meu barco já não dança
Ata-lhe uma corda a florir inteira
Só cabo viril entrançado afiança
Levar ao mar barco ou traineira

Mas meu barco detém as cores
do amor que jaz a seus pés
Carmesim paixão e azul das dores
corta-lhe o perfil de lés a lés

Molha-o uma água fria e diáfana
Tempera-lhe a fronte ao de leve
Solta-se-lhe a corda liana
a lembrar-lhe o amor breve

A terra não é o seu destino
Nem do alto mar conhece aventura
Queda-se certo mas sem desatino
Enquanto o sol lhe sabe a ternura

A corda abre-se num choro salgado
que a areia fina não detém
Sabe-se atada ao seu amado
Por amor dele se faz refém

Maria Torreira

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